sábado, 11 de setembro de 2010

Mercado digital modifica produção de músicas

Através do avanço da tecnologia surgem novas possibilidades de produzir, distribuir e consumir músicas


Num primeiro momento, os discos de vinil eram os responsáveis por apresentar os trabalhos dos músicos ao público. Aos poucos, com a evolução da tecnologia, os discos caíram em desuso e acabaram substituídos pelos CDs. Dessa vez, é a música em formato digital que poderá contribuir para o desaparecimento do suporte físico do CD. Nessa evolução, não foi só o público que notou diferença na forma de consumir as músicas. Os próprios artistas sentiram a mudança quando produz e até distribui o seu trabalho.

O professor Fábio Parra Furlanete diz acreditar que a rede virtual permitiu aos artistas realizar de forma autônoma os processos que antes cabiam às gravadoras e, assim, conseguirem se tornar seus próprios empreendedores. "Com a mudança de suporte, surge a possibilidade dos músicos estabelecerem um contato mais direto com o público e comercializarem a obra nos termos estabelecidos pelo próprio artista", diz.

Furlanete ainda ressalta que no sistema tradicional são os shows que garantem o sustento da maioria dos músicos. O papel da gravadora é fazer o marketing do artista, mas ainda que a divulgação feita por ela garanta público nos shows, na venda de CDs a porcentagem do lucro repassada ao artista é mínima. Daí o fato de muitos músicos encararem o suporte digital como benéfico à divulgação de suas obras.

É o caso da banda londrinense Mescalha que com três anos de estrada, utiliza a rede como estrutura de divulgação e de distribuição do trabalho. "Divulgamos tudo em redes sociais como Myspace e Youtube", conta o guitarrista da banda Henrique Medina. Ele afirma que essa é uma maneira eficaz de expandir seu som e, assim, garantir a agenda de shows. "É com os shows que a gente ganha. CD é o ganha-pão das gravadoras, não do artista", reforça.

De fato, a internet possibilitou maior acesso à obra dos artistas e tem levado as pessoas a procurarem cada vez mais os shows e projetos musicais. Porém, um aspecto negativo apontado por Medina é que, quando a música migra do suporte físico para o digital, ocorre um excesso de oferta gerado pela grande disposição na rede. A partir disso, acaba surgindo o desafio de se destacar em meio a tantos outros artistas voltados para o mesmo objetivo.

Compartilhando a mesma idéia, o músico e compositor Anderson Leo Loof Mayanga diz que com o suporte digital é necessário prender a atenção do público consumidor. "Hoje não existe um único artista em evidência, todos estão. Todos podem difundir e espalhar rapidamente novas idéias e novos sons a cada minuto", diz.

Acesso grátis atrai usuários ao suporte digital


A possibilidade de poder carregar seu próprio acervo de músicas digitais no bolso veio a calhar com a migração da música para o suporte digital. Porém, não é só a mobilidade que aliciou pessoas do mundo todo e tornou-as usuárias de arquivos da rede.

Além da mobilidade, outro ponto que influencia os usuários a baixarem arquivos da internet é a facilidade de poderem estar em contato com diversas obras gratuitamente. É o caso do estudante João Paulo Fidelis, que admite que desde que a internet tornou o acesso às músicas mais viável, nunca mais comprou CDs. "O CD original normalmente custa caro. Quem vai querer pagar por algo que se pode ter acesso de graça?"

O suporte do CD está pouco a pouco sendo substituído e é necessário que as gravadoras encontrem uma maneira de conciliar seu trabalho ao dos músicos, agradando ao público. "Se conseguir as músicas por meios legais começasse a ter um valor mais acessível, com certeza boa parte dos consumidores pagaria pelo produto oficial", afirma Fidelis.

O músico e compositor Anderson Leo Loof Mayanga também diz acredita que o preço dos CDs é um fator que contribui ainda mais para a ascensão da internet, além de influenciar a pirataria. "Acredito que as gravadoras deveriam sucumbir e cobrar um menor valor na obra, porque isso prejudica o acesso de todos", diz.

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