segunda-feira, 8 de setembro de 2008

"Somos gente: dura tarefa. Com sorte, aqui e ali a ternura faz parte" (Lya Luft)

Por vezes tenho a sensação, pouco racional, de que nada nessa vida me surpreende mais.
Antigamente, quando todas as excentricidades individuais do ser humano entravam em cena e, por esse motivo ou por qualquer outro, ele passava a me desapontar, a decepção me engolia, minha culpa inflamava e eu perdia dias e noites por emoções que não eram conferidas no guichê.
Hoje, depois de descobrir que desapontar as pessoas faz tão parte da vida quanto tomar café, lido com a situação naturalmente, sem mais fazer cara de espanto!

Para todas as pessoas que se sentem perplexas sempre que são decepcionadas por outras, sinto dizer: decepção contém no pacote de seres humanos sem qualquer possibilidade objetiva de devolução!

Decepções não acontecem unicamente porque deixamos de fazer alguma coisa para alguém ou porque não somos como a imagem que projetaram de nós. Nem, tampouco, porque somos exigentes demais, ingênuos e esperamos muito das pessoas.
Elas acontecem porque são inevitáveis e porque nenhuma pessoa no mundo veio aqui para satisfazer as nossas expectativas, assim como não pretendemos viver para satisfazer as delas.

A grande verdade sobre decepção é que as pessoas - nas quais me incluo sem hesitar - muitas vezes não sabem o que querem de si mesmas e jogam intoleravelmente suas frustrações nas costas dos outros. Em cima de alguém que obrigatoriamente deveria ter as respostas, mas, na maioria das vezes, não tem. E só depois de inúmeras vezes tentando alcançar a perfeição e deixar de magoar as pessoas é que a gente percebe isso. Percebemos que as decepções surgem, naturalmente e inevitavelmente, porque cada um de nós procura encontrar todas as verdades que a gente mal conhece.

O mundo ao nosso redor é feito de expectativas e nós somos pessoas reais, vivendo uma vida real, repleta de desafios e imperfeições a serem enfrentadas.
Não existe resposta nas páginas do outro e sua verdade não existe em ninguém, a não ser em você mesmo – ou talvez nem isso!

Não tenha medo de se desapontar com as pessoas e muito menos de desapontá-las. Por melhor que a gente tente ser, sempre existirão situações em que seremos decepcionados ou decepcionaremos. O mais importante de tudo, é não permitirmos nunca que nos decepcionemos com nós mesmos, pois isso só a gente tem o perigoso poder de fazer!