O acordo ortográfico entre toda a comunidade lusófona (países cujo idioma oficial é o português) entrou em vigor no Brasil, em 1º de janeiro, introduzindo três letras a mais no alfabeto, além de levar embora o trema e alguns acentos. A meta obsessiva dos reformistas é diminuir ao máximo as diferenças entre Portugal e Brasil, cobrando de cada país sua taxa de sacrifício.
Antes de prosseguir, acho melhor mostrar aos meus leitores as modificações anunciadas. As mudanças mais significativas alteram a acentuação de algumas palavras, extingue o uso do trema e sistematiza a utilização do hífen.
A primeira conseqüência que me vem à mente nesta primeira sentença: teremos que agüentar uma legião de us sem tremas! Exatamente. Os dois pontinhos desaparecem de cima das palavras, permanecendo apenas em nomes próprios, como Bündchen, por exemplo.
Nosso alfabeto passa a incluir também as letras k, w e y, que continuarão obedecendo às mesmas regras antigas: só nos símbolos científicos internacionais e nos vocábulos derivados de nomes próprios (shakespeariano, por exemplo). A novidade é que agora elas fazem parte do alfabeto oficial e todo mundo precisa saber a ordem alfabética que elas ocupam.
A reforma não hesita em mexer aqui, aparar ali, lixar acolá, numa série de "retoques" que parecem feitos por quem não é do ramo. Isso fica claro nas mudanças feitas na acentuação, insignificantes para trazer uma verdadeira melhora na ortografia, mas amplas o suficiente para perturbar a vida de todos nós — brasileiros, angolanos, portugueses, moçambicanos e os demais irmãos lusófonos.
Num país onde “acento” ainda é sinônimo de cadeira, a reforma ortográfica torna-se tão desnecessária, quanto contribuinte para agravar ainda mais a situação. Antes de reformar é preciso construir, e isso, cá entre nós, é algo que ainda não foi feito no Brasil e na maioria dos países que falam Camões. A deficiência na educação brasileira é tão grande que muitos mal sabem escrever o que já era estabelecido, que dirá diferenciar ou aprender as novas normas existentes.
Com a nova lei entrando em vigor, existe a necessidade imediata de $ub$tituir os livro$ das bibliotecas escolares de todo o país. Isso mesmo! Voltaremos à era das sombras e queimaremos todos os livros já existentes para que outros surjam de acordo com a nova forma padrão.
O único receio de quem vos escreve, caros leitores, é que esse processo demore tanto para atender as mudanças da língua portuguesa que, até lá, já tenham mudado tudo de novo!
4 comentários:
Para quem introduziu a idéia de famoso "Rambo" em uma redação de ENEM e me consegue uma nota acima da média esperada, o acordo ortográfico só vem a calhar que no próximo ano, "Rambo 2" esteja de volta, melhorado, mais forte e destruindo as famosas e inteligentes folhas do Exame Nacional do Ensino Médio.
Ou talves eu seja um gênio, mas é mais fácil acreditar em um ensino medíocre.
Lembrete 1: comentário sem correção ortográfica.
Lembrete 2: comentário sempre com qualquer erro de português.
Acho válida as novas regras ortográficas, no sentido de que irão aproximar os países que falam Português e, assim, facilitar trocas culturais e incentivar (ainda que pouco e não suficientemente) o intercâmbio literário entre nossos irmãos de Língua.
No entanto, é fato que muita gente ainda não sabe o Português básico e que as mudanças serão encaradas como mais um sacrifício para quem não desenvolveu o amor pelo saber. Compartilho da opinião de que, antes, é necessário investir no básico, formando escritores e apreciadores de literatura e da arte de se comunicar bem. Realmente, edifícios com alicerces precários não duram muito em pé.
E tem outra questão... Foi mudada a grafia de algumas palavras, os fonemas continuam iguais.
Num faz a menor diferença...P/q c preocupar cum isso c ñ usamos + o português direito :) + legau inventar novas carinhas p/ net.
:) ;^) LOL etc. etc. etc.
Essa caterva de "simplifiquinternetês" é a reforma ortográfica mais insidiosa e irritante... Podem mexer na lusografia, na lusofonia, na lusofagia, na lusotropia, no raio que for à vontade que os mano e as mina não estão nem aí. São reformas pra meia dúzia tentar seguir. Perderam, isso sim, a oportunidade de dar uma punhalada no gerundismo (não me pergunte como... não é problema meu) na mania do "Eu, enquanto Ser Humano...". Sei lá, acho que sou eu que estou ficando velho...
Resumindo bastante: "Santa perda de tempo, Batman!"
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